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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

CALEIDOSCÓPIO - UMA PONTA DE INVEJA e ADEUS SAUDOSO


UMA PONTA DE INVEJA
            Estivemos em Gramado, Rio Grande do Sul, entre os dias 17 e 20 últimos, participando do consagrado Festival de Turismo promovido pela conceituada empresa “Marta Rossi/Silvia Zorzanello Empreendimentos”.  Não é propriamente desta grande festa que honra o turismo brasileiro que desejamos tecer algumas considerações. Com uma ponta de inverno deste nordestino sofrido pelas intempéries da sua região, passado na casca do alho, o objetivo é sobretudo exaltar a pequena no tamanho, porém linda e aconchegante cidade sulista. Privilegiada pelo Deus Pan com uma natureza exuberante, enfeitada pelas  hortênsias e pinheiros, Gramado não é só referência para o turismo nacional, com seus grandes eventos e estrutura exemplar, mas exemplo de uma terra em que a cidadania é ponto fundamental. Tem um povo hospitaleiro e que possui um IDH de dar inveja. À primeira vista, parece não possuir pobres entre os seus habitantes. Não há favelas e não vimos mendigos e flanelinhas nas ruas. É tanto veículo circulando que dá idéia de que cada um dos seus 32 mil habitantes possui um carro. Não vimos sinais eletrônicos, mas a mobilidade humana flui  normal. Nas faixas de trânsito para pedestres, verificamos várias vezes, os motoristas respeitam os transeuntes. As calçadas são de fato para o passeio da população.  Não há esta de servir de estacionamento para veículo. Com clima frio na maior parte do ano, os prédios comerciais e residências seguem o estilo de cidades européias, quase padronizadas. Enfim, ficamos com a forte impressão de que Gramado é um dos poucos oásis desta nossa amada pátria. Diferente, bem diferente de uma larga porção de cidades brasileiras tidas grandes e civilizadas.

ADEUS SAUDOSO
               Sempre é saudoso um adeus. Mas saudoso mesmo é quando se perde para a morte um familiar querido ou um colega ou amigo de longas jornadas. Pois na última semana, manhã cedo, tive conhecimento do falecimento de dois ex-colegas e amigos. Partiram para a morada eterna Boanerges Sabóia e Temístocles de Castro e Silva. Mesmo contemporâneos de idade – o Boanerges era um pouco mais idoso, não aguardava para tão breve a ida dos dois para o Oriente Eterno. Pelas mãos de Boanerges Sabóia, ingressei como professor no Liceu do Ceará, em 1951. Pelo seu incentivo, fiz concurso para me efetivar no velho casarão. Na sua administração, fui vice-diretor do conceituado estabelecimento. E pela vida a fora, nos bons e maus momentos, sempre estivemos juntos. Boanerges Sabóia era uma legenda no ensino do Ceará, exemplo como professor e administrador. Leal e amigo em todos os momentos. Agora, fica a saudade.
               Conheci Temístocles desde os tempos de estudante. Mas foi a partir de 1950, quando ele ainda era “foca” na “Gazeta de Notícias” que a nossa aproximação foi maior. Trabalhando com o Geraldo Nobre, desde então mostrou-se um jornalista dedicado e com idéias políticas  discordantes da maioria dos colegas. Ralou muito, mas venceu na profissão. Por méritos, ocupou destacados cargos públicos e  chegou a deputado estadual e federal, sempre acompanhando o seu “padrinho” Parsifal Barroso. Pelo seu jeitão, dava a impressão de  ser amargo. Mas não era. Gostava dos bons papos com os colegas, da boa música (malhava os ídolos atuais)  muitas vezes sob a inspiração de Baco. Polêmico e intransigente, foi um dos poucos conhecidos que assumiu ser da “direita” e defensor do Regime Militar. Realmente foi autêntico na sua trajetória terrestre. Deus o tenha no “assento etéreo”. 

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