UMA PONTA DE INVEJA
Estivemos em Gramado, Rio Grande do Sul, entre os dias
17 e 20 últimos, participando do consagrado Festival de Turismo promovido pela
conceituada empresa “Marta Rossi/Silvia Zorzanello Empreendimentos”. Não é propriamente desta grande festa que
honra o turismo brasileiro que desejamos tecer algumas considerações. Com uma
ponta de inverno deste nordestino sofrido pelas intempéries da sua região, passado
na casca do alho, o objetivo é sobretudo exaltar a pequena no tamanho, porém
linda e aconchegante cidade sulista. Privilegiada pelo Deus Pan com uma
natureza exuberante, enfeitada pelas hortênsias e pinheiros, Gramado não é só
referência para o turismo nacional, com seus grandes eventos e estrutura
exemplar, mas exemplo de uma terra em que a cidadania é ponto fundamental. Tem
um povo hospitaleiro e que possui um IDH de dar inveja. À primeira vista,
parece não possuir pobres entre os seus habitantes. Não há favelas e não vimos
mendigos e flanelinhas nas ruas. É tanto veículo circulando que dá idéia de que
cada um dos seus 32 mil habitantes possui um carro. Não vimos sinais
eletrônicos, mas a mobilidade humana flui normal. Nas faixas de trânsito para pedestres,
verificamos várias vezes, os motoristas respeitam os transeuntes. As calçadas
são de fato para o passeio da população.
Não há esta de servir de estacionamento para veículo. Com clima frio na
maior parte do ano, os prédios comerciais e residências seguem o estilo de
cidades européias, quase padronizadas. Enfim, ficamos com a forte impressão de
que Gramado é um dos poucos oásis desta nossa amada pátria. Diferente, bem
diferente de uma larga porção de cidades brasileiras tidas grandes e
civilizadas.
ADEUS SAUDOSO
Sempre é saudoso um adeus. Mas saudoso mesmo é quando
se perde para a morte um familiar querido ou um colega ou amigo de longas
jornadas. Pois na última semana, manhã cedo, tive conhecimento do falecimento
de dois ex-colegas e amigos. Partiram para a morada eterna Boanerges Sabóia e Temístocles
de Castro e Silva. Mesmo contemporâneos de idade – o Boanerges era um pouco
mais idoso, não aguardava para tão breve a ida dos dois para o Oriente Eterno.
Pelas mãos de Boanerges Sabóia, ingressei como professor no Liceu do Ceará, em
1951. Pelo seu incentivo, fiz concurso para me efetivar no velho casarão. Na
sua administração, fui vice-diretor do conceituado estabelecimento. E pela vida
a fora, nos bons e maus momentos, sempre estivemos juntos. Boanerges Sabóia era
uma legenda no ensino do Ceará, exemplo como professor e administrador. Leal e
amigo em todos os momentos. Agora, fica a saudade.
Conheci Temístocles desde os tempos de estudante. Mas
foi a partir de 1950, quando ele ainda era “foca” na “Gazeta de Notícias” que a
nossa aproximação foi maior. Trabalhando com o Geraldo Nobre, desde então
mostrou-se um jornalista dedicado e com idéias políticas discordantes da maioria dos colegas. Ralou
muito, mas venceu na profissão. Por méritos, ocupou destacados cargos públicos
e chegou a deputado estadual e federal,
sempre acompanhando o seu “padrinho” Parsifal Barroso. Pelo seu jeitão, dava a
impressão de ser amargo. Mas não era.
Gostava dos bons papos com os colegas, da boa música (malhava os ídolos
atuais) muitas vezes sob a inspiração de
Baco. Polêmico e intransigente, foi um dos poucos conhecidos que assumiu ser da
“direita” e defensor do Regime Militar. Realmente foi autêntico na sua
trajetória terrestre. Deus o tenha no “assento etéreo”.
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