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sexta-feira, 22 de maio de 2015

EXEMPLOS QUE TRAZEM ESPERANÇA

Dois fatos me agradaram nos últimos dias. Na semana passada, recebi comunicação informando que, no próximo dia 27, durante a VI Feira do Livro Infantil,  a jovem Anne Vitória Pinheiro Grangeiro,  aluna do Colégio Eça de Queiroz, onde cursa o 1º ano do ensino médio, lançará seu primeiro livro: “Castelo Encantado” -editora Premius,  um conto de fadas para agradar e encantar crianças de todas as idades. Durante programa da  Globo, na noite do último domingo, houve a apresentação de um garoto baiano,  de 11 anos, eterno sonhador e colecionador de publicações   que saia pelas ruas da sua terra puxando uma mala,  de terno e gravata, para “mendigar”  livros. Emocionou-me a atitude dos dois adolescentes.  Anne Vitória, filha de dois trabalhadores que lutam pela sobrevivência, cedo como afirma, vem procurando realizar seus sonhos: “Nasci dia 06 de agosto de 2000,  em Fortaleza - Ce. Acho que, ainda na barriga da mamãe, ouvia muitas histórias e, depois,  nunca ia dormir sem pedir que ela  lesse uma historinha pra mim. Enquanto mamãe ia lendo eu  adorava passar os dedinhos nas letrinhas e foi assim que,  aos 5 anos de idade,  escrevi meu primeiro livro: “ O Castelo Encantado”. Hoje,  aos 14 anos,  já li mais de 500 livros,  entre eles ficção, romance, conto, documentário, biografia,  entre outros. No meu quarto,  tenho uma estante com um acervo maravilhoso, com livros para todas as idades. Desde pequena tive contato com livros e tintas, e já pintei várias telas. Gosto de estudar e inventar coisas. Amo a natureza, adoro cheirinho de mato e terra molhada, sou apaixonada por cavalos e pretendo ser médica”. O garoto baiano, criado vendo o trabalho difícil da mãe, pobre e viúva, não se abateu com a pobreza da casa, nunca se deu por vencido. Enfrenta a escola e vai às ruas de sua cidadezinha, puxando a mala, em busca de livros para enriquecer o espírito. Como Anne Vitória, tem altos sonhos e pretende ser “gente”, para satisfação pessoal e da sua guerreira mãe. Não é fantástico acontecimentos como estes? Numa época de um mundo em evolução, involução, sei lá, adolescentes como estes, no Brasil, são poucos. A maioria vive o momento, embalado pela Internet, pelo Google pelo tablet, pelo iphone,  pelo celular capaz de quase tudo. Não é que a juventude queira ser assim. As “grandes reformas”,  em casa e no ensino, certamente “pensadas”  por competentes pessoas, naturalmente vislumbrando um porvir diferente, vêm levando em conta um mundo dinâmico, em  que as conquistas científicas não param.  Impensável, hoje, ensinar, Português por exemplo, como no passado, em que se “perdia” precioso tempo estudando nos livros, nas antologias e gramáticas. Diletantismo hoje  é dominar bem o vocabulário pátrio, as regras de concordância, regência, sintaxe. Para que o aluno se aprofundar nos estudos das literaturas portuguesa e brasileira? Vale a pena, para o mundo em que vivemos? À propósito,  recordo-me de quando estudei no ainda Liceu do Ceará (hoje mudou para Colégio Estadual Liceu do Ceará, sem dúvida uma redundância). Para lá ingressar, preciso era fazer o Exame de Admissão, que exigia conhecimentos de Português, Aritmética, Ciências (rudimentos de Química, Física e Biologia), Geografia e História.  E enfrentar mestres como Otávio Farias, Martinz de Aguiar, Boanerges Saboia, João Damasceno, Byron e outros tantos professores afamados? Também ainda sobre o sonho de  jovens apaixonados pelos livros, lembro que, já como professor do Liceu, nos anos 50 do século passado, um aluno, diante da dificuldade que enfrentava para dominar  razoavelmente o nosso idioma, perguntou-me: professor, o que faço para aprender Português, diante de tantas regras? Sem pestanejar, respondi: leia, leia muito tudo que for possível, pois,  sem o saber,  você aprenderá todas as regras do nossa  língua e terá um universo à sua disposição. 

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