ALÉM DE QUEDA....
Não há dúvidas de que, dentre os nove estados do Nordeste, o Ceará é quase sempre o mais castigado pela seca. Estamos entrando no quinto ano em que o nosso período de chuvas, que chamamos inverno, até agora não se firmou, não obstante as precipitações pluviais dos últimos dias, em muitos municípios. A FUNCEME, o órgão que se encarrega de anunciar se teremos inverno ou não, esteve reticente, mas agora já afirma que as chuvas virão abaixo da regularidade, como indica o tal El Niño, fenômeno de aquecimento das águas do oceano Pacífico. Adianta que o prognóstico é definitivo deinitivo, mas até o momento é o de maior possibilidade. Por outro lado, os nossos conhecidos “profetas das chuvas”, sertanejos calejados pela observação da natureza, dizem que a situação deste ano em relação ao inverno não será tão desesperadora, pois teremos chuvas quase regulares, principalmente nos meses de março e abril. Seja como for, o Ceará está a perigo. Os açudes, quase todos, quando não secaram, estão quase chegando a isto. O Castanhão, o maior do Estado, com seus 6,5 bilhões de metros cúbicos de água, armazena apenas
10,45% (699,87 hm³). O Orós, o segundo, com capacidade para 2 bilhões, está também secando a olhos vistos, possuindo no momento apenas 32,98% (639,74 hm³). Já calcularam se houver mais um ano de seca! Certamente, porque vivemos em época diferente dos finais do século XIX, entrando grande parte pelo XX, não teremos vagando pelas estradas, morrendo de fome, milhares de sertanejos. Mas a “triste partida”, pungentemente cantada por Luiz Gonzaga, será de outra forma, porém também dolorosa. Os nossos grandes empresários que vivem do cultivo da terra, a ponto de colocar o Ceará como o maior exportador de frutas do Brasil, já estão imigrando para outras partes em que água não falta. Os médios e pequenos agricultores acham-se exauridos, na pindaíba, devendo dinheiro aos bancos e sem maiores expectativas. E como ficará o abastecimento para a região metropolitana de Fortaleza e o Complexo do Pecém, que depende das águas do Castanhão, do Orós, do sistema Pacoti/Riachão, através do Eixão das Águas? Certamente, se o Grande Senhor das Chuvas não nos socorrer, é imprevisível a situação do Ceará. Além de queda, coice. Como todo o povo brasileiro, estamos sendo vítimas de uma política equivocada e que nos colocou quase ou já no fundo do poço. O País perdeu a credibilidade diante dos ricos, dos grandes investidores. Inflação acima dos 10%, poder aquisitivo da população a perigo, poucas perspectivas de melhoria a curto prazo. O pior, com um Governo e um Parlamento às voltas com uma corrupção jamais vista, acusados nos Mensalão, Operação Lava Jatos e outras do tipo, ainda em fermentação. A população brasileira está sofrendo na carne os problemas criados por maus administradores, grande parte apontados ou com insinuações de terem avançado em dinheiro públicos e que deveriam ser revertidos em serviços essenciais de saúde, educação, segurança e investimentos. Pior ainda, infelizmente deputados e senadores, que deveriam defender o interesse e bem-estar do povo e os entes da Federação, são apontados como altamente envolvidos nas maracutaias. Quem nos salvará do maior desastre? Se ao menos o General Inverno fosse pródigo com o Nordeste...
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