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terça-feira, 16 de abril de 2019

NOVO DESFALQUE NO TURISMO BRASILEIRO

      Lamentavelmente, a vida é prenhe dessas idas e vindas. Quase sempre, ao ser comemorada a chegada de um novo ente “no pedaço”, amarga-se simultaneamente a perda de um ser marcante, uma personalidade da maior valia, alguém que deixa um rico legado.
Persigo tanto a trilha dos que se dão ao prazer de exaltar a excelência da personalidade, mas também de marcar a presença dos que elaboram grandes obras do cotidiano, os que se afirmaram pela construção de um patrimônio moral, material e institucional de valor inquestionável.
Daí, não poder deixar de assinalar o desfalque, mais um, de que o turismo nacional padece nestes dias, com o desaparecimento de cena de um cidadão que, a par de ter acreditado nessa tão importante, e nem sempre prestigiada, atividade econômica que é o turismo, construindo um patrimônio que elevou em quantos “côvados” , e  se fixou na comunidade que integrou com tanta altivez como uma das suas peças mais valiosas. Pelo seu caráter, pela sua inteligência, pelo seu empreendedorismo, pelo fino trato que marcou a sua personalidade.
Refiro-me ao, agora saudoso, querido amigo RENATO RITTER. Já se esvai na poeira do tempo a feliz oportunidade em que o conheci, pela nímia iniciativa do – igualmente tão querido e saudoso – “irmão” WILSON MULLER. Desde então tive, não simplesmente a alegria, mas e sobretudo o privilégio de inserí-lo no conteúdo do melhor relacionamento, a ponto de poder conflagrá-lo como inquestionável amigo.
Não foram poucas as oportunidades em que fui recebido com a maior fidalguia, sempre na parceria da minha inesquecível TEREZA, nos seus Hoteis Ritter. Muito mais que isto, tanto quanto a sua presença nas minhas costumeiras passagens por Porto Alegre, tive a alegria e a honra de, anualmente, por conta da presença, a cada momento, nos FESTIVAIS DE TURISMO DE GRAMADO, ser recebido em aconchegante recepção, junto com a sua também pranteada esposa, no apartamento que mantinha naquela cidade da Serra Gaúcha. Alí, reunia os amigos mais chegados, tantos dos quais, da mesma sorte, acabaram por serem inquestionavelmente conduzidos ao patamar de similar amizade.
Evidente que a destinação de gestos tais não seria privilégio deste despretensioso escriba. Por ter sido uma tônica da sua personalidade. Tanto assim que a unanimidade dos companheiros jornalistas do setor que tiveram a oportunidade de, da mesma sorte, com ele conviver, especialmente aqueles próprios gaúchos, o dignificaram com o formal título de “AMIGO”.
Na trilha daquele relacionamento, fui afortunado ainda em lhe poder tributar - não em retribuição - mas na qualidade de insofismável justiça a uma personalidade singular, que se impôs aos que circulavam em seu torno pela firmeza de carater, pela generosidade em fazer fluir a sua querência, o melhor que pude na recepção em alguns dias de iluminada companhia em Salvador.
Muito pouco foi o que lhe pude destinar, então, ainda que com o ensejo de -lhe homenagear junto com os seus hotéis na modesta promoção que mantivemos por quarenta anos, através da concessão do troféu CATAVENTO DE PRATA. Naquela oportunidade, sempre na companhia da querida esposa, mas contando da mesma sorte com a presença daquele que lhe foi um dos melhores amigos, como para mim, o saudoso WILSON.
Mas RENATO RITTER foi um grande empreendedor e gestor, uma das suas tantas virtudes acumuladas com o trato do cotidiano. Ao lado do irmão PEDRO PAULO, idealizou a oportunidade de se inserir definitivamente no contexto do turismo portoalegrense. Nos idos dos anos 70, concebeu a empresa Excelsior S/A – Hotéis de Turismo, que viria a ser a responsável pela construção de duas unidades hoteleiras. 
O local eleito teria sido, sem dúvidas, privilegiado, porquanto em terreno em frente à Estação Rodoviária da cidade. De começo, erigiu o Ritter Hotel que teve iniciada a sua operação precisamente no dia 22 de abril do ano de 1974. Então, numa área construída de 4.821 m², destinou-lhe ser equipado com 107 apartamentos, restaurante, bar, salão para eventos, dentre outras singularidades.
Não ficaria centrada apenas ali a sua iniciativa vitoriosa. Animado com o sucesso da ousadia, já que em pouco tempo logrou ver a ocupação média alcançar cerca de 80%, largou-se a idealizar e concretizar a construção de uma outra unidade hoteleira, com o Porto Alegre Ritter Hotel, em área de 9.226 m², dispondo de nada menos do que 10 pavimentos, nos quais se encontram os 130 apartamentos, restaurantes, salão de festas, sauna, 7 salas para eventos e andares de garagem.
Ainda persiste em minha memória o afeto que destinava ao WILSON - se não me equivoco, seu companheiro desde as lides do CPOR - com o qual, num dia de todas as semanas, convivia a colocar as novidades em dia, num laivo de descontração na sáuna do hotel. Mas RENATO não deixou o seu patrimônio órfão. Porque desde há muito, introduziu nos meandros da gestão daquele valioso acêrvo o seu filho RICARDO que, pela sua extrema diligência e liderança no setor, passou, inclusive, a integrar e dirigir entidades como a seccional da ABIH e o próprio Sindicato de Hotéis. E que lhe vem seguindo os passos, já agora na administração dos bens.
  OSANAS, sem dúvidas, à sua memória, RENATO.

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