Salvador Dias * |
Os dados divulgados, a 12 de Setembro, pela OMT – Organização Mundial de Turismo mostram que a indústria de viagens e turismo deverá chegar a 1 bilhão de clientes este ano.
Já o PIB do turismo mundial deverá crescer cerca de 2,8%, segundo o WTTC – World Travel & Tourism Council, com o maior crescimento a ser registrado na América Latina, de 6,5%.
Vencer obstáculos e derrubar barreiras podem fazer com que esses números sejam ainda mais expressivos. A existência de políticas públicas eficazes, como a flexibilização dos vistos e a redução de taxas no setor são temas importantes para melhorar esse desempenho na busca de mais empregos, divisas e impactos económicos.
Há que criar novas medidas que promovam a declaração de zonas de grande afluência turística, que deem facilidades para os turistas efetuarem as suas compras em Portugal e no Brasil, o que contribuirá para o crescimento económico e o prestígio de uma Marca que deverá englobar todos os Países de Língua Portuguesa.
Para isso tem de haver um melhor atendimento das demandas do mercado e chancelar a TAP como a companhia com as melhores ligações entre o Brasil e a Europa, e responsável diria, quase única, da promoção de Portugal junto do mercado brasileiro. As entidades oficiais, a nível nacional, com a sua inoperância, a que se junta a ineficiência a nível local nada, ou muito pouco, têm contribuído para o aumento do número crescente de brasileiros de visita a Portugal. Não podemos esquecer que quase 700 mil brasileiros passam por Lisboa só fazendo conexões para o restante da Europa.
Mas aqui a inoperância deve-se ao Turismo de Lisboa que durante muitos anos não acreditou na importância do mercado brasileiro e, hoje, apressa-se a tentar apanhar o comboio, ou melhor, o “avião” em movimento.
É preciso dar-se a conhecer a modernidade de Portugal, que não se limita ao fado ou a mulheres vestidas de negro, assim como o Brasil não se fica só pelas praias e telenovelas.
Hoje, é um país emergente, e o seu mercado gerador alvo do interesse de todos. Não era assim há uns anos atrás. E recordo que quando a TAP e a sua atual administração fizeram uma aposta forte nesse mercado foram alvo de múltiplas e dispares criticas.
Há cerca de uma década a TAP definiu o Brasil como um mercado estratégico, aproveitando a sua posição geográfica para se transformar na companhia do Brasil para os europeus e na Companhia da Europa para os brasileiros, desenvolvendo ao mesmo tempo fortes campanhas para sensibilizar uns e outros para aproveitar a passagem por Portugal para conhecer as belezas do nosso País.
Se durante alguns anos o crescimento foi gradual, nos últimos foi muito acentuado, tornando-se visível para todos os agentes do turismo nacional, que passaram a olhar para o Brasil como um mercado emissor de importância quantitativa e qualitativa.
Este mercado, não só não está esgotado, como continua a ter um enorme potencial de crescimento e, posiciona-se como o segundo mercado com maior número de dormidas nos estabelecimentos localizados na região de Lisboa.
Em Portugal, de acordo com dados dos primeiros cinco meses deste ano, do Banco de Portugal, a despesa de turistas brasileiros regista um aumento de 5,2% nesse período, para 147,9 milhões de euros, enquanto a despesa dos portugueses no Brasil sobe 2,9%, para 64 milhões.
Em consequência, e já não era sem tempo, o Turismo de Portugal iniciou uma campanha de Portugal no Brasil e o Turismo de Lisboa considerou o Brasil como um mercado estratégico (a par da Espanha).
O Turismo deve ser compreendido como vetor estratégico para o desenvolvimento socioeconómico do País, mas porque não alargar-se este espaço a Portugal e ao Brasil, ainda mais que já estamos no ano Brasil- Portugal e vice-versa, com uma série de eventos que podem ser uma oportunidade para estreitar os laços seculares entre as duas pátrias.
Deste modo posemos em andamento um Fórum de Turismo dos Países de Língua Portuguesa. A língua será o grande diferencial do congraçamento destes países.
É cada vez mais necessário saber. Saber criar produto. Saber comprar e saber como vender, em especial quando dispomos de um espaço geográfico tão extenso e espalhado pelo mundo inteiro.
O mundo da língua portuguesa pode ser gerador de intensos movimentos turísticos, como se se tratasse de um mercado interno formatável em multiprodutos.
O Mercado Global da Língua Portuguesa oferece um leque completo de motivações e de razões de viagem durante todo o ano, oferecendo as 4 estações do ano em qualquer momento. Tem, por acréscimo, potencial e capacidade instalada para oferecer a gama total de produtos turísticos para todos os gostos e todas as bolsas.
Ao operar à escala global, qualquer País deste espaço, qualquer Empresa, qualquer Turista tem um campo inesgotável de opções de compra e de venda.
E este espaço perspectiva-se, em simultâneo, como grande mercado receptor e grande mercado gerador no futuro.
*Chairman of ETP – European Travel Press
Presidente da AJOPT – Associação dos Jornalistas Portugueses de Turismo
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