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terça-feira, 21 de agosto de 2018

MOSTRA CINEBH: O CINEMA LATINO-AMERICANO É DESTAQUE

“O cinema latino-americano nasceu como vontade transformadora da sociedade, antes mesmo de um gesto político capaz de efetivamente realizar essa transformação. Nasceu entre a poesia e a política, em parte por imposição da realidade, em parte por livre escolha”. A sentença é do crítico e pesquisador José Carlos Avellar (1936-2016), no livro A Ponte Clandestina.
 A constatação de Avellar, publicada em 1995 num estudo que se fixa na produção dos anos 1960 e 70 de nomes como Glauber Rocha (Brasil), Fernando Birri (Argentina) e Tomás Gutiérrez Alea (Cuba), entre outros, ainda reverbera no continente quase 25 anos depois. Que cinema latino-americano é esse que às vezes nos parece tão próximo e ao mesmo tempo tão distante? Que transformações ele ainda é capaz de propor num século XXI tão marcado por contradições e constantes mudanças tecnológicas que alteram as formas de fazer e consumir audiovisual? Em tempos globalizados, ainda faz sentido falar num cinema continental? 
Estas são algumas das questões a serem debatidas durante a 12ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, a ser realizada entre 28 deste mês e 02 de setembro. Sob o eixo curatorial “Pontes Latino-americanas”, o evento vai se dedicar a exibir, discutir e questionar a produção na América Latina ao longo dos anos, uma produção que se preocupou em levar às telas, através de temas ousados e formas inventivas, a própria condição de continente periférico e colonizado. 
Conversas com produtores do Brasil CineMundi (o evento de mercado que ocorre anualmente durante a CineBH) e a dificuldade de se circular com filmes latinos de maior proposição estética deram a deixa para que esta temática fosse desenvolvida, conforme ressalta Pedro Butcher. 
Na programação da 12ª Mostra CineBH no contexto da temática “Pontes Latino-americanas”, filmes em pré-estreia dividirão espaço com títulos do passado que ainda nos dizem muito sobre os diálogos entre os países, estética e tematicamente. Entre os trabalhos confirmados, estão as pré-estreias de Cocote (República Dominicana), de Nelson Carlo de Los Santos Arias, e La Telenovela Errante (Chile), de Raúl Ruiz e Valeria Sarmiento; e curtas e médias de importância histórica, como Agarrando Pueblo (Colômbia, 1977), de Luis Ospina e Carlos Mayolo; Revolución (Bolívia, 1963), de Jorge Sanjinés; Isla del Tesoro (Cuba, 1969), de Sara Gómez; e Blablabla (Brasil, 1968), de Andrea Tonacci. 
HOMENAGEM - De maneira a exaltar um destaque contemporâneo no atual cenário audiovisual latino-americano, a 12a CineBH presta homenagem à produtora argentina El Pampero Cine. Fundada em 2002 e composta por Mariano Llinás, Laura Citarella (que representará a produtora na CineBH), Agustín Mendilaharzu e Alejo Moguilansky, a El Pampero se define como a reunião de um grupo de pessoas dispostas a experimentar e renovar os procedimentos e práticas cinematográficas na Argentina. 

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