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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

NOS MEUS ANTIGAMENTE

Os tempos atuais, no Brasil e no restante do mundo,  nos remetem para a perplexidade, para o medo de como será a civilização nos próximos anos. A partir do final da 2ª Guerra  Mundial, a velocidade dos avanços  das ciências e a mudança dos costumes são grandes. As cidades mudaram, as pessoas mudaram, os valores mudaram. Mudaram e estão mudando não sabemos até quando.  Diante de tantas incertezas, na ausência do sono nas madrugadas, este quase noventão  sempre volta a se lembrar daquela ideia do “no meu tempo”, dos meus antigamente. Como tudo era diferente! A arborização nos campos, nos quintais das casas era abundante. Quem não tinha no quintal um pé de mangueira, de cajá, de sapoti, de azeitona, aquela que deixava a língua azul,  de bananeira?  A nossa selva era verde e com bons frutos e não uma “selva de pedra”.  Menino, estudava  na casa da Dona Deo, a primeira professora que tivemos. Aí de mim e do restante da escola se, aos sábados,  não se soubesse na ponta da língua as perguntas da cartilha ABC ou da tabuada. Na ocasião, as unhas  as orelhas enfim o corpo todo eram examinados. Erro na sabatina ou sujeira corporal,  certeza de palmatória. As brincadeiras , todas simples: futebol no meio da rua  Floriano Peixoto com bola de meia, esconde-esconde,  “manjô”,  rodas para ouvir a descrição por um colega mais velho do último capítulo da série  “cowboy”,   com Tim Mcoy, Buck Jones, John Wayne, passada no Majestic ou Polytheama, na Praça do Ferreira.  As meninas brincavam em rodas, cantando as cirandas. Eu sou pobre, pobre, pobre.,. Realmente,  tudo inocente. Um pouco mais tarde, já entrando na adolescência, aluno do Instituto São Luiz e do Liceu do Ceará, os horizontes começaram a ser mais longos. Cinemas, jogos de futebol nos  campo do Prado,  do Presidente Vargas ou no subúrbio  pelos infantis e juvenis do Maguari e do Ceará e banhos de mar na Praia Formosa, no Paredão ou na Praia de Iracema. À noite,  momentos de ouvir as conversas dos rapazes  no final da linha do bonde José Bonifácio (Major Facundo com a hoje Domingos Olímpio). Na esquina, os famosos bolos do Chico Vieira. Uma delícia. Os encontros poderiam ser também na calçada das casas do seu Chicão Moura, pai do Moacir, do “seu” Virgílio, pai do Bruno Maia, da Ana, da Janete e duas outras irmãs. Numa dessas reuniões da “boquinha” da noite até as 9 horas, por lá apareceu o cantor Ciro Monteiro,  levado pelo Idalino e o Maciel, um alfaiate bom de gogó que morava também na Floriano Peixoto. Noite de gala. Muitas modinhas e canções românticas. Uma festa só. E a vida rolou assim nestes meus primeiros antigamente. Sem dúvida, éramos pobres, mas a vida sorria. Pois é,  nestes instantes e insônia nas madrugadas de hoje o pensamento é um só: será que os meus netos e bisnetos, com tudo que a vida moderna lhes  oferece -   os celulares, os notebooks, os jogos eletrônicos -  são mais felizes do que eu fui?

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